Sorrir é o melhor remédio

O sorriso é uma linguagem universal. Você pode estar em qualquer lugar do mundo que ele será compreendido por todas as pessoas. Ao mesmo tempo, o sorriso pode receber vários sentidos. Há, por exemplo, aquele sorriso que damos quando ganhamos um presente. Tem aquele outro que emitimos acompanhado de gargalhadas. Há, também, o sorriso de saudades, quando lembramos de algo ou alguém especial. E tem aquele que não é dado por nós, mas que recebemos de outra pessoa. Esse, com certeza, é o melhor de todos.
Há 17 anos, a equipe do programa Sorriso para a Vida da Unochapecó sabe bem como é receber sorrisos. Seus integrantes trabalham diariamente com o objetivo de fazer com que eles sejam produzidos nos rostos de diferentes crianças. Coincidentemente, em outubro, o programa completa mais um ano, justamente no mesmo mês em que se celebra o Dia Mundial do Sorriso, mais precisamente na data de hoje (05/10).
O programa tem como proposta desenvolver atividades lúdicas, educativas e de saúde, com crianças e adolescentes hospitalizados no Hospital da Criança de Chapecó, tanto nos espaços das brinquedotecas, quanto dentro dos quartos. A ação é mediada por docentes e estudantes, bolsistas e voluntários, dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Odontologia, Nutrição, Enfermagem e Medicina. Cada curso foca em diferentes projetos, que constituem o programa, como saúde bucal, alimentação saudável e prevenção de doenças transmissíveis.
Para uma das coordenadoras da ação, que participa desde o início do projeto, professora Lilian Beatriz Schwinn Rodrigues, quando o programa surgiu ele já tinha a intenção de pensar na qualidade de vida das crianças hospitalizadas. "Já nas primeiras intervenções, nós percebemos que poderíamos fazer a diferença nesse tempo e nesse espaço denominado hospital. Inclusive, o nome 'Sorriso para a Vida' surge dos sorrisos que nós encontrávamos no rosto das crianças", comenta.
E, de fato, é impossível não entrar na brinquedoteca do hospital sem encontrar crianças, brincando, socializando e sorrindo. É uma forma de esquecer as dificuldades enfrentadas com os tratamentos e focar apenas no que importa: a infância. Iasmin Pires tem três anos, e assim como toda criança da idade dela, gosta de brincar. Com pincéis, tinta guache e muita imaginação, ela adora, principalmente, construir o próprio mundo em uma folha de papel em branco.
— O que você mais gosta de fazer quando vem aqui, Iasmin?
— Pintar!
— E o que você está pintando agora?
— Um macaco!
Em meio a poucas palavras, o sorriso de Iasmin não passa despercebido. A pequena pintora completou seis dias internada no hospital, na última segunda-feira (01/10). De acordo com sua mãe, Glacimara Cardoso da Silva, a garota foi diagnosticada com uma infecção no sangue. Agora, em meio ao tratamento, é na brinquedoteca do hospital que tanto a mãe, quanto a filha, gostam de passar a maior parte do tempo, estimulando a imaginação. "É bom, porque a criança vem para cá e se distrai um pouco, não fica só dentro do quarto", destaca Glacimara.
Humanização é a palavra-chave
Segundo a professora Lilian, é com as atividades realizadas no 'Sorriso para a Vida' que as crianças têm a possibilidade de sentirem-se apenas crianças. "Apesar de estarem no hospital, dentro de um quarto e com equipamentos. Mesmo com isso tudo, tem um espaço para elas brincarem. O programa vem com esse objetivo, auxiliar o hospital no processo de humanização, na permanência das crianças aqui".
Além disso, a humanização está presente, inclusive, nas relações de pais, mães e filhos, pois não é só nos rostos das crianças que se formam sorrisos. Os pais também ganham a chance de fortalecer a relação com seus pequenos. "Teve uma vez, que eu estive aqui, que uma mãe passou muito tempo com a filha brincando de boneca. E eu perguntei se ela costumava brincar com a menina. Ela disse que não, que a minha pergunta fez ela pensar que ela nunca brincou com a filha dessa forma, de sentar em casa com ela, de dar colo para as bonecas, de entrar no mundo da imaginação da criança. Então, são muitos aspectos que a gente observa", conta a professora.
E assim como as crianças e seus pais, quem também ganha com isso tudo são os acadêmicos envolvidos. A estudante de Odontologia, Francieli Vansin Forti, quem diga. Para ela, o convívio com as crianças é algo mágico. “Elas conseguem te deixar feliz independente da situação. Você se transforma de repente, se esquece de tudo e entra no ambiente delas. É muito bom ver a alegria da criança em estar brincando e do quanto o brinquedo é importante para ela, assim como o ato de brincar”. O que Francieli fala, comprova que além de sorrir, as crianças que participam do programa têm, também, o poder de construir sorrisos.
Uma princesa chamada Maria
Maria Valentina Begnini Jung tem meduloblastoma, um tumor que atinge o cérebro. De acordo com a mãe, Marcia Andreia Begnini, depois de dois meses curada, a doença retornou e a garota segue com os tratamentos. “Em questão de seis meses depois de descobrir, ela já estava com a doença em recesso, já não tinha mais nada aparecendo nos exames. Ela terminou o protocolo, dois meses depois voltou a aparecer nos exames e ela retornou ao tratamento”, explica a mãe.
Mas mesmo lidando diariamente com isso, Maria não perde seu brilho. É impossível não olhar para ela e se encantar com a graciosidade da pequena de seis anos. Naquela manhã de segunda, quando a conhecemos, Maria jogava Banco Imobiliário e, toda vaidosa, utilizava uma tiara rosa de princesa na cabeça. Cada jogada de dados era um sorriso a mais dado por Tina, como também é conhecida.
“Ela adora vir aqui na salinha, brinca um monte. Já aconteceu da gente vir aqui e a brinquedoteca estar fechada. Aí ela fica brava, porque ela gosta”, comenta Marcia. E é em meio a brinquedos, amigos e integrantes do programa, que Maria, assim como outras crianças, forma laços e deixa de ver o hospital apenas como um lugar estressante, mas também como uma forma de sorrir para a vida e, de saber que, como diz Marcia, “lá na frente haverão coisas grandiosas, e isso tudo vai servir de exemplo para outras pessoas. Eu já sinto aqui dentro”.
*Estagiária, sob supervisão de Jessica De Marco
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